Caixa-preta do avião: o que é e como funciona o dispositivo Monitore Tec 07/10/2023

Caixa-preta do avião: o que é e como funciona o dispositivo

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A caixa-preta é o nome popularmente conhecido do gravador de voo, uma peça do avião que armazena todas as informações importantes de uma viagem aérea e as mantém seguras em caso de acidente. Feito de materiais ultrarresistentes, como titânio e aço inoxidável, o dispositivo é de extrema importância para entender as causas de um acidente aéreo. Apesar disso, a caixa-preta ainda pode sofrer danos ou não ser encontrada nos destroços, mas as empresas já pensam em alternativas para driblar este problema.

O gravador, além de registrar dados sobre o voo, também mantém salvas as conversas na cabine, as transmissões de rádio e as leituras dos instrumentos. Diversos episódios de acidentes aéreos já foram desvendados graças à caixa-preta. A seguir, o TechTudo preparou um guia completo para você saber detalhes sobre o dispositivo.

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Entenda como funciona a caixa-preta de um avião — Foto: Reprodução/Grupo One Air
Entenda como funciona a caixa-preta de um avião — Foto: Reprodução/Grupo One Air

O que é e para que serve a caixa-preta do avião?

Parte interna da caixa-preta de um avião — Foto: Reprodução/Grupo One Air
Parte interna da caixa-preta de um avião — Foto: Reprodução/Grupo One Air

A caixa-preta do avião é um dispositivo extremamente resistente que registra todos os dados de um voo, como velocidade, altitude e temperatura, além da conversa dentro do cockpit (cabine). Desta forma, após um acidente, os investigadores podem extrair as informações de dentro dela para ajudar na elucidação do caso.

O primeiro modelo de caixa-preta foi criado em 1939 pelo engenheiro francês François Hussenot, que registrava os dados do voo por meio de um tipo de filme fotográfico (que precisava ser totalmente escuro para funcionar, logo era literalmente uma caixa-preta). Desde aquela época já se sabia da importância destas informações para investigar acidentes, mas apenas décadas depois que o modelo atual de caixa-preta virou padrão.

Atualmente, uma caixa-preta é feita de material ultra-resistente, como titânio e aço inoxidável, além de isolantes térmicos. Eles garantem que os cartões de memória localizados na parte interna fiquem intactos mesmo após uma explosão. Além disso, dentro delas ainda há um localizador que, ao entrar em contato com a água, emite um sinal sonoro que pode ser detectado por radares durante 30 dias.

As caixas-pretas ficam normalmente localizadas na traseira do avião. O motivo é simples: as chances de serem destruídas em um desastre são menores. Porém, sua localização exata varia conforme o modelo da aeronave.

Como funciona a caixa-preta do avião?

Os dois tipos de caixa-preta: o CVR e o FDR  — Foto: Reprodução/Transportation Safety Board of Canada
Os dois tipos de caixa-preta: o CVR e o FDR — Foto: Reprodução/Transportation Safety Board of Canada

A caixa-preta faz a coleta dos dados por meio da Unidade de Aquisição de Dados de Voo (FDAU, na sigla em inglês), que fica localizada na barriga da aeronave, logo abaixo do cockpit. Comparando com um computador, a FDAU seria o processador da aeronave, enquanto a caixa-preta seria o disco rígido, onde os dados ficam armazenados.

Na realidade, cada aeronave conta com duas caixas-pretas. A primeira é o gravador de dados de voo (FDR, na sigla em inglês). Ela registra todas as informações coletadas pela FDAU localizada no cockpit do avião, como tempo, pressão atmosférica, altitude, velocidade, combustível, entre outros. Atualmente, este tipo de caixa preta consegue registrar até 23 horas de informações, o que é mais do que a autonomia de qualquer avião comercial.

A outra caixa-preta é o gravador de voz do cockpit (CVR, na sigla em inglês). Como o nome indica, ele utiliza microfones para gravar o áudio dentro do cockpit, como conversas entre piloto e copiloto, diálogos com a torre de comando e alertas sonoros da aeronave. Neste caso, apenas as duas últimas horas do voo ficam armazenadas na memória.

Juntas, estas duas caixas-pretas são essenciais para entender os motivos que levaram a um acidente aéreo. Mas, caso uma delas sofra danos, a outra ainda pode ser usada para a investigação.

Qual a cor da caixa-preta?

Modelo de caixa preta da União Soviética durante a Guerra Fria — Foto: Reprodução/Sanjay Acharya
Modelo de caixa preta da União Soviética durante a Guerra Fria — Foto: Reprodução/Sanjay Acharya

Não, a caixa-preta não é preta. Na verdade, ela é pintada com uma cor chamada Laranja Internacional. Esta cor não existe originalmente na natureza, por isso, em caso de acidente, o dispositivo tende a se destacar e tornar mais fácil as buscas. Por este mesmo motivo, a cor Laranja Internacional também está presente nos uniformes dos astronautas.

Agora, por que estes dispositivos não são chamados então de caixas laranjas? Como explicamos antes, os primeiros modelos eram de fato pintados na cor preta. Eles ficaram famosos durante e após a Segunda Guerra Mundial, por isso o nome caixa-preta “pegou”. Apenas em meados da década de 60, quando os gravadores de voo passaram a ser obrigatórios em aviões comerciais, que as caixas-pretas passaram a ser pintadas na cor Laranja Internacional.

Como se recuperam as informações?

Caixa-preta recuperada do voo MU5735 da China Eastern Airlines, em 2022 — Foto: Reprodução/CGTN
Caixa-preta recuperada do voo MU5735 da China Eastern Airlines, em 2022 — Foto: Reprodução/CGTN

Assim que uma caixa-preta é recuperada, a equipe de buscas envia o dispositivo para uma equipe especializada, que envolve entidades ligadas à aviação e funcionários das companhias aéreas e do fabricante da aeronave.

Usando um software especial, eles conseguem extrair e compilar os dados para uma máquina. Dali, eles conseguem cruzar todas as informações disponíveis para determinar as causas do acidente. Então é elaborado um relatório que, dependendo do caso, pode ser conclusivo ou não. A partir disso, as empresas podem usar estas informações para aprimorar a segurança de suas aeronaves e os órgãos judiciários podem abrir uma ação para possíveis indenizações.

Vantagens e desvantagens da caixa-preta

Como toda tecnologia, a caixa-preta possui vantagens e desvantagens. A principal vantagem é que ela é peça fundamental na elucidação de acidentes aéreos, que em geral terminam sem testemunhas. Assim, os voos se tornam cada vez mais seguros e menos propensos a erros ou falhas humanas.

Por outro lado, a caixa-preta não é indestrutível. Ela ainda pode sofrer danos que comprometam os componentes internos e impossibilitem a extração dos dados. Além disso, nem sempre a equipe de resgate consegue localizar a caixa preta após um acidente. O caso mais famoso é o do voo 370 da Malaysia Airlines que desapareceu no Oceano Índico em 2014. A caixa-preta ainda não foi encontrada, o que torna o caso um grande mistério até hoje.

Novas alternativas às tradicionais caixas-pretas

Além de registrar áudios, as novas caixas-pretas também poderão armazenar imagens do cockpit — Foto: Reprodução/DCStudio
Além de registrar áudios, as novas caixas-pretas também poderão armazenar imagens do cockpit — Foto: Reprodução/DCStudio

Os problemas da caixa-preta podem ser driblados graças à tecnologia atual. Uma das ideias que vêm sendo trabalhada é a de subir todos os dados de um voo em tempo real na nuvem (da internet, no caso). Isso permitirá o acesso das informações mesmo no caso da caixa preta física se perder. Um dos problemas é o risco dos dados ou das conversas do cockpit caírem em mãos erradas, o que poderia colocar as empresas e os pilotos em risco.

Outra possibilidade que vem sendo trabalhada é de caixas-pretas autoejetáveis, que seriam lançadas para fora da aeronave momentos antes de um acidente. Este tipo de dispositivo já existe em aviões militares e permite que a caixa-preta possa ser recuperada com mais facilidade e com menos danos.

Há ainda a ideia de instalar câmeras dentro do cockpit e na parte externa do avião, o que acrescentaria uma valiosa informação para as investigações de um desastre aéreo. Porém, muitos pilotos relutam com esta possibilidade, com o medo de que isso poderia infringir seu direito à privacidade.

Com informações de How Stuff Works e Geeks for Geeks

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