O Meta Quest 3 é o headset de realidade mista da empresa mais avançado até então. Com a promessa de entregar “experiências imersivas extraordinárias”, o dispositivo foi anunciado por Mark Zuckerberg em 27 de setembro, durante a conferência Meta Connect, em Palo Alto, Califórnia (EUA). Ele chega com lentes no estilo “panqueca”, que ampliam o campo de visão, display 4K+ Infinito, tecnologia de áudio espacial 3D e o poderoso processador Snapdragon XR 2 Gen 2, da Qualcomm – tudo para proporcionar uma experiência ainda mais realista e envolvente.
O modelo chega às lojas dos Estados Unidos em 10 de outubro, com preços a partir de US$ 499,99 – o equivalente a pouco mais de R$ 2.536, sem considerar custos de importação e impostos. Durante a Meta Connect, tive a oportunidade de conhecer o Quest 3 e experimentar alguns jogos.
O teste aconteceu por cerca de 30 minutos em uma pequena sala de demonstrações, no próprio campus da empresa. Foi minha primeira experiência com um headset de realidade virtual ou realidade mista, e eu saí bastante impressionada. Confira meu relato nas linhas a seguir.
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Meta Quest 3: testamos o novo headset de realidade mista!
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Ficha técnica do Meta Quest 3
- Display: 4K+ Infinito (2 displays LCD de 2.064 x 2.208 pixels por olho)
- Taxa de atualização máxima: 120Hz
- Campo de visão: 110 graus (horizontal) e 96 graus (vertical)
- Sensores de realidade mista: 6 câmeras
- Processador: Snapdragon XR2 Gen 2
- Memória RAM: 8 GB
- Armazenamento: 128 ou 512 GB
- Bateria: até 2,2 horas de uso (geral)
- Tempo de carregamento: cerca de 2 horas (de 0 a 100%)
- Carregador: 18 W
- Conectividade: Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.2, Bluetooth LE
- Dimensões: 184 mm x 160 mm x 98 mm
- Dimensões dos controles Touch Plus: 126mm x 67mm x 43mm
- Peso: 515g
- Peso dos controles Touch Plus: 126g (pilha AA inclusa)
- Preço: US$ 499.99 (128 GB) e US$ 649.99 (512 GB)
- Lançamento: outubro de 2023
Primeiros passos com o Quest 3
Antes de colocar o Meta Quest 3, informei ao assistente de demonstrações da Meta que tenho hipermetropia e astigmatismo – problemas de visão que poderiam impactar meu conforto durante a experiência. Ele, então, explicou que a distância entre a lente e os meus olhos pode ser facilmente ajustada, para melhorar o conforto e o campo de visão. Basta pressionar um botão na lateral interna da interface facial e puxá-la para mais perto ou mais longe dos olhos. Feito o ajuste, coloquei o headset.
Logo que o fiz, senti o Quest 3 pender para a frente; ele estava um pouco “solto”. O wearable, entretanto, tem um design de tiras ajustáveis, para atender usuários com diferentes formatos de cabeça e cabelo. Isso significa que alguém com cabelo afro e volumoso, por exemplo, pode usar o headset com conforto. Quando ajustei as tiras que ficam por trás e sobre a cabeça, senti o Quest 3 encaixar perfeitamente.
Não demorei para me acostumar ao peso do headset. Ele tem apenas 515g e, durante os trinta minutos de experiência, não incomodou em nada. Em alguns momentos de maior imersão, você chega a esquecer que está usando óculos. A Meta atribui o conforto ao formato “panqueca” das lentes, que cria um perfil óptico 40% mais fino.
A experiência de uso dos controladores Touch Plus, que ganharam formato mais simples e ergonômico, também é confortável. Eles são presos ao pulso por uma cordinha e pesam somente 126g. A sensação é de que são uma extensão das suas mãos.
Realidade mista: uma fusão impressionante entre os mundos real e virtual
Minha primeira experiência com o Quest 3 envolveu realidade mista (MR). Como o próprio nome sugere, a tecnologia mistura realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) para criar ambientes onde objetos virtuais interagem com objetos reais no espaço físico. Vale ressaltar que todas as experiências de MR envolveram jogos. Não pude testar acesso a serviços de streaming ou redes sociais, por exemplo (seria bem interessante rolar pelo feed do Instagram em uma janela flutuante!).
Comecei dando uma voltinha pela sala, para que as seis câmeras do headset pudessem reconhecer o ambiente. É a partir desse mapeamento e da projeção de profundidade que você pode se mover pelo espaço e interagir com personagens ou objetos virtuais.
São as câmeras do Quest 3 que também permitem criar o chamado efeito “passthrough”. Na prática, é o que possibilita que os usuários vejam o ambiente e as pessoas ao seu redor “através” do display. A visualização é mediada pela tela, claro, mas você se esquece disso conforme se envolve com a experiência.
Logo que o mapeamento terminou, vi uma nave espacial descer pelo teto e estilhaçá-lo em vários pedacinhos, que se espalharam pelo chão. Estendi as mãos para frente e notei que elas ganharam duas armas. Começava aí o jogo “First Encounters”, que leva você para um planeta alienígena onde existem criaturinhas redondas e peludas que tentam invadir o seu espaço. O objetivo é capturar quantas você puder antes que o tempo acabe.
Primeiro, as bolinhas peludas começaram a saltar contra a parede, para rompê-la. O movimento é muito real, e você sente que, a cada salto, o vidro da parede está ficando mais frágil – mesmo que, na verdade, a parede seja de um drywall que está perfeitamente intacto.
Quando os bichinhos finalmente conseguem invadir o espaço, se movem por todo o lado. Comecei a atirar neles com minhas armas – ou melhor, controles –, que tinham respostas bem rápidas e precisas. Em certo momento, foram tantas bolinhas peludas ao meu redor que fiquei até com um pouquinho de nervoso, achando que uma delas fosse subir na minha perna.
Imergindo completamente em um mundo virtual
Depois da experiência com realidade mista, foi a vez de imergir completamente na realidade virtual. Para isso, o escolhido foi “Samba de Amigo”, um game de ação e ritmo em que os controles se transformam em maracas e você deve sacudi-las conforme a música. Desta vez, o ambiente real desapareceu por completo e eu fui transportada para um cenário alegre, cheio de cores vibrantes.
Apesar de não haver mais vestígios do espaço físico, não senti que estava usando um headset. Atribuo isso à alta resolução do display (4K+, ou 2.064 x 2.208 pixels por olho), que proporciona gráficos muito realistas, e à tecnologia de áudio espacial 3D, que intensifica a sensação de imersão. Houve, inclusive, um momento em que o assistente de demonstração da Meta me perguntou, em bom volume, qual eu gostaria que fosse o próximo jogo, mas eu só ouvi a voz dele distante.
Minha terceira e última experiência com o Quest 3, também em realidade virtual, foi o jogo fitness Les Mills BodyCombat. Nele, os controles são seus punhos, e você deve desferir socos para destruir os alvos que vêm na sua direção.
Mas engana-se quem pensa que só os membros superiores trabalham nesse game: você também deve mover o tronco para desviar de obstáculos, e pode até ter de dar joelhadas. Modéstia à parte, me saí muito bem no jogo, que eu poderia facilmente adotar no lugar do cardio em meus treinos de musculação. É uma forma bastante divertida e dinâmica de se exercitar sem sair de casa.
Em todas as experiências, os gráficos dos games foram reproduzidos de forma bastante fluida. O resultado é fruto da combinação entre a taxa de atualização do display, que pode chegar a até 120 Hz, e do trabalho do poderoso Snapdragon XR2 Gen 2, que proporciona desempenho gráfico duas vezes mais rápido em relação à geração anterior. Segundo a Meta, o chipset é robusto o suficiente para suportar aplicativos pesados, como jogos de ação rápida, avatares personalizáveis e design 3D.
O que dá para fazer com o Meta Quest 3?
A biblioteca do Quest 3 abriga mais de 500 opções de experiências imersivas. Além de jogar, você pode:
- Estudar (existem aplicativos de aprendizagem de idiomas, por exemplo);
- Assistir a filmes e séries (via serviços de streaming como Netflix e Amazon Prime Video);
- Cuidar da saúde e praticar exercícios físicos (há aplicativos para prática de diversas modalidades esportivas, e também de meditação guiada);
- Acessar redes sociais (a biblioteca inclui aplicativos da Meta, como Facebook e Instagram, e o YouTube VR, do Google);
- Treinar habilidades (como desenhar e pintar).
Vale a pena comprar o Quest 3?
O Meta Quest 3 é um headset confortável e compatível com uma grande variedade de aplicativos e jogos. Além disso, durante os 30 minutos de teste, o wearable proporcionou uma experiência bastante imersiva, com gráficos realistas e áudio envolvente. O envolvimento foi tanto que a meia hora pareceu um piscar de olhos. Entretanto, há alguns pontos que podem decepcionar usuários interessados em comprá-lo.
O primeiro é que o headset não está disponível no Brasil, o que faz o preço do dispositivo ser alto, dependendo da forma como for importado. Ainda falando sobre preço, o segundo ponto é que os aplicativos e jogos da biblioteca do Quest 3 estão em dólar, o que eleva consideravelmente seu custo.
Como alternativa, os usuários têm o Meta Quest+, um plano de assinatura que traz dois títulos selecionados por mês. O pacote, que custa US$ 7,99 mensais, até ajuda a economizar, mas você corre o risco de receber títulos que não condizem com seu perfil.
O terceiro e último ponto diz respeito à duração da bateria. Segundo dados fornecidos pela própria Meta, a bateria do Quest 3 dura, em média, 2,2 horas. Imagino que seja um pouco frustrante usufruir do headset por tão pouco tempo e ter que colocá-lo para carregar.
Ainda assim, se você quer entrar de vez no universo das realidades mista e/ou virtual e está disposto a coçar o bolso para isso, eu recomendo o Quest 3. Com ele, a Meta busca agradar uma grande diversidade de públicos por um preço mais acessível que o aparelho de sua principal concorrente, o Apple Vision Pro, que custa US$ 3,5 mil (cerca de R$ 17.714, em conversão direta da moeda) — e tem tudo para conseguir. A empresa fez um bom trabalho no headset, que consegue aliar conforto e boa usabilidade a gráficos realistas e jogabilidade suave.
*A jornalista viajou para Palo Alto, Califórnia (EUA) a convite da Meta